Relato sobre as águas




Mais uma do CCES.

Mais um elemento foi responsável para que nós viajássemos para dentro de nós mesmo em busca de nossas lembranças e/ou sentimentos que a muito foram soterrados pela frieza da vida adulta, na verdade a vida, como um todo.

Por falar em água, essa vez a responsável por atravessar nossas barreiras emocionais foi ela.
O Professor Andrei Nunes deixou sobre nossos braços a seguinte atividade:

"Recolher em uma garrafa transparente as águas vivas de um local que lhe seja pessoalmente importante. Descobrir de onde essa água vem, por onde ela vai, quem a habita, a quem ela traz vida. Desenhar as cartas da bacia hidrográfica a qual essas águas pertencem e as populações (vegetais, animais e humanas) que delas se beneficiam."

Esse componente tem as melhores atividades, não é?



A bacia hidrográfica que escolhi foi a do Rio Salgado. O rio nasce a quatro quilômetros do povoado de Ipiranga em Firmino Alves e segue caminho passando pelos municípios de Santa Cruz da Vitória, Floresta Azul, Ibicaraí e Itapé. Neste último se encontra com o Rio Colônia formando o Rio Cachoeira e seguindo adiante com um novo nome até o Oceano Atlântico.

O Salgado é o rio que passa nos fundos de minha casa, literalmente colado na parede de meu quintal. Eu o escolhi pois quando era pequeno, como as crianças daquela época, ia muito tomar banho nele, brincar nas margens, pescar, etc. lembro meu pai me levando para tomar banho e também de sentir muito medo de ficar na água por causa de um filme de terror que vi na casa de uma vizinha quando era pequeno. (Até hoje não consigo ficar tranquilo em águas escuras.) Hoje com a poluição/mal cuidado, ninguém mais toma banho, ninguém pesca, ninguém o observa. O rio perdeu a vida, está doente. Os únicos momentos em que grita para dizer que está vivo é quando chove, e isso não acontece muito.
 
Fazia uns três ou quatro anos que não descia para a pequena barragem ver as águas de perto, lugar onde eu ia toda semana para fazer alguma coisa ou até mesmo não fazer nada, só sentar numas pedras e observar os peixes e as árvores balançando ao meu lado.
Suponho que isso é a coisa que mais nos toca nesse componente. Mesmo tendo uma parte chata, entediante de pesquisas e mais pesquisas (para quem - como eu - sempre faz), artigos e mais artigos, recebemos de presente algo que nós já tínhamos há muito tempo sem saber dar o devido valor... Nós mesmos.


Confesso que escrevendo isso me toquei ainda mais, cada atividade desse componente tem um começo e um meio, mas nunca, nunca tem um fim se tu se deixar ser tocado.

Desculpe, estou ficando enérgico escrevendo este texto.

Aqui deixei fotos do meu reencontro com esse velho rio doente que de certa forma amo, assim como essa cidade que convivo pouco, xingo muito, mas que respiro como se fosse meu ar, toco como se fosse a pele de meu amor que aqui conheci e que aqui perdi e que ainda não sei por qual motivo sinto algo que me prende.

Agora sim, fique com as fotos.

Eu arriscando a vida de meu celular por uma foto.

As chamadas "baronesas" que se acumularam após a chuva recente.

Sempre me admiro com o pôr do sol daqui.

A barragem.

A bela textura das pedras que só posso observar de longe.


Praça da Feira, Floresta Azul.


Baronesas são alertas de poluição.


Após a apresentação de todos da sala.

Meu vaso com a água que tirei do Rio Salgado.


Adendo - 19 de julho de 2018:

Enquanto escutava minha playlist de músicas para relaxar e/ou para dias de chuva como hoje, ouvi esta frase: "Be water my friend." dita por Bruce Lee em uma entrevista na qual desconheço o ano e o canal onde foi exibida. Bruce Lee se inspirou conhecimentos de Jiddu Krishnamurti, filósofo, escritor e educador indiano, caso tenha interesse em Krishnamurti, entre aqui.

Extraí esse vídeo daqui e cortei a parte que me interessava.







Terminei de escrever esta postagem ouvindo:

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